Por: Volnei Ceron dos Santos
Não, não meu amigo, não se trata de passar o rebenque no linguajar gaudério, nem de afrontar a nossa identidade gaúcha. Pelo contrário, um elogio, mais que doces palavras, a certeza de que as nossas bombachas, o nosso chapéu e nossas esporas; nosso churrasco, nosso chimarrão e nossa integração dão de longe, em cancha aberta, vitória sobre o American way of life, o famoso estilo americano de vida, na sua tradução.
Se os amigos do Norte tivessem presenciado as 24 edições da Ciena - Ciranda Estudantil Nativista, só caberia a eles entender que o Gaucho way of life, o estilo gaúcho de vida, numa analogia aragana, supera o que os gringos quiseram imprimir ao mundo desde o século 17 e principalmente quando e após o momento da Guerra Fria.
Para o people of the United States determinação, trabalho e habilidade deveriam ser exemplos para si e para o mundo, como um estilo de vida a ser seguido. Somando-se a esses princípios, o que de fato resultou, a invasão cultural sobre as muitas nações do mundo.
Mas, há um ponto que devemos concordar. Só é invadido um povo que não tem identidade cultural definida no sangue e nas manifestações de vida. Por isso, o nosso Rio Grande do Sul fez a American of the gaucho. Por aqui, é bem verdade que o jeans azul veste muitas pernas de peões e prendas, mas jamais vestirá o coração dos mais de dez milhões de gaúchos que fazem um dos poucos povos que entoa o hino rio-grandense com peito estufado, marcado por um sentimento de patriotismo, único.
Por isso essa crônica. Tentar explicar isso é difícil, mas dá para entender o Gaucho way of life. Por aqui, a cultura não é a da violência, a do crack, a das armas, a da estereotipação na mente e nas brincadeiras imaginárias de nossos piazitos. Não são os filmes de Hollywood que fazem a nossa cultura. São sim, meu amigo, os causos de João Simões Lopes Neto, as nossas lendas e canções nativistas; as provas campeiras, as lides do campo e as lutas por melhoras; os piquetes, os CTGs, a nossa vida... enfim, o nosso jeito de ver o mundo e de fazê-lo é que dão o tom mais vivo, mais colorido e mais gaúcho.
Assim, meu caro, veja que não há quem não se impressione com o que a Ciena faz pelo nosso Rio Grande. Ali, a cada trabalho manual, a cada desenho, a cada canto, a cada dança e a cada momento da história encenado pude bem ver e sentir o que é ser gaúcho na essência e na alma representativa de Blau Nunes, personagem mítico dotado de virtudes que até mesmo os americanos invejariam.
Por aí noto que, quando educação e cultura se unem, não há estrangeirismo que se suplante sobre nós. Tudo começa com nossas crianças. Ensiná-las a amar sua terra, sua gente e sua história é o caminho, coisa que nem o maior cinema do mundo até hoje conseguiu de fato superar o nosso jeito de ser gaúcho.
Texto publicado no Diário Popular, dia 25/10/2010
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