A INESQUECÍVEL DERROTA
Caminhei atônito pelas ruas de Abu Dhabi. Cidade em construção, pomposa, de estrangeiros. Perdido, chutando pedras, tentando verter algo, alguma explicação para a maior derrota de um clube em competições intercontinentais da história. O Mazembe, da República Democrática do Congo, venceu o Internacional por 2 a 0. Justamente no dia da maior invasão de uma torcida em competições entre continentes.
Colorados deixaram as lágrimas rolar no Mohhamad bin Zayed Stadium. Foram mais de 5 mil. Foram bravos. Mas viram e sentiram o cheiro da “derrota inesquecível”. Torcedores me perguntam: “mas por que, potter? Por que tu relembrou aqui neste espaço, por esses dias, das maiores derrocadas de nossa história?”. Simples: porque todo clube grande de futebol do mundo as tem. E os maiores são aqueles que aprendem em meio à tristeza. Na dor, no choro, no silêncio sepulcral que um revés no futebol pode causar.
Agora, temos o nosso maior. Aquele do Olímpia no Beira-Rio foi ultrapassado. Um time do continente mais esquecido e alegre nos causou o lamentável. Salto alto? Não. Mazembe. Esta é a razão. Ganhou o eficiente. O que acertou dois belos arremates. O que marcou melhor. O sereno franco atirador. Mas o tamanho disso tudo ainda será amargo por anos. Lembro de perguntar, lá nos anos 90, ao meu pai: “Por que sofremos assim?”. “Pra levantar depois, filho. Olha esse jogo futebol. Ele é a metáfora da vida. Tu vais cair. E vais levantar. E vai ganhar. E vai se exibir, virar bobalhão e cair de novo e assim seguirá. O futebol é a vida, Luciano… a vida”.
Eu baixava a cabeça e chorava. Mas vi, anos depois que seu Luis Nei tinha razão. Temos ganhado muito, tudo. Hoje, dezembro de 2010, dá vontade de zarpar do mundo. De sumir. Amanhã, tem Gauchão, Libertadores, Recopa, Brasileirão e quem sabe… bueno, deixa o caminho mostrar. Por agora é saborear o fiasco. O maior de todos. O equivalente a ser eliminado na primeira fase da Copa FGF. Tipo um rebaixamento. Tipo decidir um terceiro lugar num Mundial.
Lambemos as feridas. Elas precisam fechar. Mas que esse amargo ensine. Que a dor se espalhe. No futebol, vitórias são posteriores às derrotas. Às derrotas inesquecíveis.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
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